No último final de semana, a equipe da Coreto Cultural esteve no bairro Leão XIII, em Barão de Cocais, para a primeira etapa de construção do mapa afetivo com moradores da região. Produzido por meio de entrevistas com a comunidade, o mapa tem como objetivo conhecer a realidade local e criar um diagnóstico que oriente o desenvolvimento de atividades mais adequadas para aquela localidade, nas áreas das artes e da cultura, dentro do programa Meu lugar.
As entrevistas aconteceram na Escola Estadual José Maria de Moraes, em comércios locais e na casa dos moradores. Sete pessoas participaram da ação, entre homens e mulheres de 30 a 70 anos, ligados ao ambiente escolar, projetos sociais e também associações do bairro, sendo duas senhoras moradoras da região há mais de 40 anos. O que se pode destacar nas falas é um desejo pela manutenção das tradições locais e uma preocupação constante com o futuro das novas gerações.
De acordo com Antônio Aparecido de Souza, mais conhecido como Toninho, que nasceu e ainda hoje mora em Barão de Cocais, na região de Leão XIII, o bairro é um bom lugar para morar. Ele diz que não sai de lá por nada! “Eu gosto daqui, das pessoas que vivem no bairro. Eu participo de atividades na igreja e também das festas e outros eventos culturais da região. Gosto de trabalhar, dançar e rezar e procuro sempre transmitir alegria e felicidade para os outros”.
Toninho diz também que apesar de ser um bairro bom, algumas coisas podem melhorar. Ele espera a conclusão do novo posto de saúde, que está em obras há muitos anos, e gostaria que fossem oferecidas mais opções de atividades para as novas gerações.
Já a diretora da Escola Estadual José Maria de Moraes, Cristina, nascida em Barão de Cocais, ressalta o povo acolhedor e religioso da região, ressaltando, porém, a falta de entendimento com relação ao patrimônio, cultura e história da cidade. “Temos um patrimônio bacana, mas não vejo a preocupação em preservar. História é memória. Se a memória se perder, onde você vai buscar? A gente precisa preservar, principalmente por meio de políticas públicas que incentivem a população a valorizar e salvaguardar o que é seu”.
Todas as conversas realizadas durante o mapa afetivo foram gravadas e serão utilizadas na produção de um videodocumentário, promovendo um autoconhecimento por parte dos moradores e o sentimento de pertencimento com relação ao local onde vivem.
De acordo com a diretora-executiva da Coreto Cultural, Lilian Nunes, o mapa cultural é uma etapa de extrema importância para o projeto. “A escuta é o melhor caminho para ações assertivas em espaços de vulnerabilidade. Conhecer as pessoas e as peculiaridades de cada região, construir elos de confiança, agir de forma colaborativa e desenvolver ações que realmente façam sentido para os moradores. Somente o diálogo promove o protagonismo comunitário. Ele gera pertencimento, dignidade, visibilidade e promove novas perspectivas de crescimento e mudança”.
O Meu Lugar busca estimular o desenvolvimento comunitário a partir da capacitação ligada à cultura e à economia criativa. A segunda etapa do projeto é a formação, que conta com cursos de curta duração a partir das vocações, necessidades e expectativas apontadas pela população envolvida. Já a mostra cultural, que encerra o primeiro ciclo, apresenta o resultado do engajamento e do aprendizado adquirido em todo o programa pelos alunos das oficinas, agentes culturais, empreendedores e artistas das comunidades beneficiadas.
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